19 dezembro, 2006

Desaforismos

Os Desaforismos do jornalista Ivan Lessa são antigos, mas têm um cheiro recente que nos faz parar e ainda mais ficarmos indignados. É tamanha a morosidade com questões sociais tão be sabidas que as frases não perdem seu sentido, mesmo as lendo por centena de vezes.
Essas são apenas um tira gosto do livro “Gip Gip Nheco Nheco” (Desiderata), feito em conjunto com seu velho companheiro do “Pasquim”, Jaguar. Ele o ajudou a selecionar textos e desenhos para o livro, que chega agora às livrarias.

"Os pivetas na realidade, são apenas cobradores da taxa de imortalidade infantil"

"Semiótica é o analfabetismo do ricos".

"Todo homem tem o sagrado direito de ser imbecil por conta própria"

“O brasileiro é um povo com os pés no chão – e as mãos também”.

Ivan Lessa fez parte do grupo que colaborou e que, durante muito tempo, fez sucesso no jornal "O Pasquim". Carioca, filho de Orígines Lessa e Elsie Lessa, escreve valendo-se de um humor cheio de ironias. Auto-asilado na Inglaterra, segundo ele por ter-se desencantado com o Brasil, trabalha na BBC de Londres.

03 setembro, 2006

Aluga-se um namorado




Assisti hoje a peça "Aluga-se um namorado" no teatro do Centro Integrado de Cultura (CIC) em Florianópolis. A peça tem entre outros do elenco, o ator Eri johnson, protagonista do namorado alugado. Ele contagia a platéia do começo ao fim, quando a pedidos, faz suas famosas imitações: Romário, Nei La Torraca, Alexandre Frota...

A comédia conta a história de
Alex Schneider, um ator que leva a vida com muito humor, e um dia é contratado por Sara, integrante de uma família que leva a risca as tradições judaicas. Alex interpreta um namorado judeu e médico, pois Cris, o verdadeiro namorado de Sara, não é judeu.

O Texto é de James Scherman, adaptação de Flavio Marinho, direção de Carlos Magalhães. No elenco: Eri Johnson, Isabela Lobato, Gilberto Marmoros, Paulo Serra, Lugui Palhares e a atriz Gisele Novaes.

Se você curte teatro, vale a pena conferir. Amanhã é o último dia da apresentação em Santa Catarina. Em seguida, a turnê vai para João pessoa, Paraíba e e seguida para São Paulo. Os ingressos custam 40 reais, estudante paga meia.

20 agosto, 2006

Lendo Schopenhauer

Estou lendo A arte de escrever, do escritor e filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Expondo sua contrariedade à filosofia hegeliana e seus escritos, ele tece um "manual" ao leitor. Critica profundamente o modelo literário que se difundiu na Europa, indicando a não leitura de muitos autores. Diz que é preciso não ler, a preferenciar o pensamento próprio. Isto, porque a leitura não se deve fazer de fora para dentro, mas do que se tem por primeiro pensado, para só então, podermos agregar aquilo que se venha a ler.

É fundamental à sabedoria do leitor, reonhecer frases bem contruídas, adaptadas de forma que não enleiem o conteúdo re digido num livro, e que por vezes são meras adaptações grosseiras de outros escritores. O plágio é tido por ele como uma espécie de crime que não devemos acordar, estupidamente como se vêem nos tantos escritores que nascem do dia para a noite.

Não findei sua leitura, mas tenho a sensação de ler algo de que me deixou surpresa, tanto pela forma repugnante do autor, quanto por seu conteúdo analítico. Um prato cheio para aqueles que se enveredam ao mundo literário.

29 julho, 2006

A Arte em São Paulo (ParteII)

O Museu da Língua Portuguesa foi o melhor passeio em São Paulo. O grande prédio, localizado no Bairro da Luz abriga um mundo diferente, que se torna uma viagem ao mundo das palavras.
Já num primeiro momento, quando assistimos uma apresentação em vídeo numa sala nos nos preparamos algo novo. Ao término desta, a tela se suspende e entramos num cenário de luzes, é a
Praça da Língua onde desenhos, vozes e declamações poéticas nos pegam pela curiosidade em meio ao escuro e nos levam ao mundo maravilhoso da literatura.















Ambiente totalmente poético. Ao término das declamações de várias personalidades da música e literatura com imagens e muitos efeitos especiais, nós que ali estávamos pudemos ainda nos deleitar ao chão com todos aqueles poemas. Simplesmente maravilhosos e distribuidos de tal forma que já nos fazia apaixonar num primeiro instante por este museu.















A viagem continua na
Grande Galeria, um grande corredor de mais de 100m em que vídeos e imagens passam simutaneamente constituindo temas como música, futebol e culinária. No mesmo espaço há uma linha do tempo em que mostra a trajetória da sociedade e sua língua materna. Monitores interativos também dão significados de palavras e citações de autores em vária línguas.


Na Exposição Temporária: Grande Sertão Veredas, sacos de terra do nordeste e varais com fios pendurados dão a ídéia da obra que completa 50 anos. Guimarães Rosa é homenagado sem dúvida pela composição do ambiente que lembra a aridez de um povo e as histórias de seus 7 principais personagens. Nesse espaço, até mesmo os sanitários possuem espelhos com fotografias específicas e que surpreendem pela ousadia, aliás todo o percurso!

Além do prédio ser um marco histório para a cidade paulista, quando construído pelos ingleses para levar o café ao porto de Santos, hoje ele continua a abrigar cultura essa que é das mais peculiares, a língua portuguesa. Vale a pena conferir O Museu da Língua Portuguesa, nem que seja essa a única visita que se tenha a oportunidade de fazer numa ida a cidade de São Paulo. Na verdade sou meio suspeita, pois como amadora incondicional das palavras, amo essa nossa língua-mãe.

O Museu fica na Praça da Luz, Estação da Luz. Está aberto de terça a domingo, das 10h-18h. A entrada de visitantes será permitida até às 17h e o ingresso custa 4reais, sendo meia-entrada para estudantes. Visite o
portal do Museu da Língua Portuguesa e faça uma pré-viagem.

17 julho, 2006

Escritor terá ofício?

Ler, Ler novamente, Reler. Esse é caminho árduo que um pretendente ao ofício de escritor deve se prestar segundo Al-Chaer. Em seu texto O Ofício do Escritor, especial ao 6 Encontro Nacional de Escritores ele incia a conotar ofício "dentre seus significados, o sentido de 'obrigação moral', 'sentimento de dever'. É uma missão (outra acepção do ofício), quase um saerdócio".
Um dos autores utilizados para a construção de suas idéias é de Humberto Eco em "Os Limites da Interpretação"- 1995:
Depois que um texto foi produzido, é possível dizê-lo muitas coisas- mas é impossível- ou pelo menos criticamnte ilegítimo- fazê-lo dizer o que não diz.
Ezra Pound sugere "cortar" ao vê-lo finalizado. É importante tornar a orações ou os versos, conforme o estilo, economizar as palvras.

07 julho, 2006

A Arte em São Paulo (Parte I)

No último domingo(2) viajei para São Paulo com o intuito de lá poder entrar em contato com a produção artística brasileira e mundial. Foi o propósito não só meu, mas dos que comigo excursionaram. A Pinacoteca, o Museu de Língua Portuguesa e o Masp (Museu de Artes de São Paulo) são espaços próprios e de visita obrigatória para todos, principalmente para àqueles que se interessam por História da Arte. Não obstante para os alunos de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá.

Na Pinacoteca, a arte do século XIX e contemporânea contemplam a construção que inaugura em 1905 o primeiro museu do Estado de São Paulo. O acervo abriga atualmente cerca de 5mil obras, das quais algumas são de artistas renomados como Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.

Em toda a visita tivemos o auxilio de um guia, Bob, (para fazê-lo lembrá-lo por seu interesse) que nos fez discutir com nossas leituras das telas. O contraponto, a quebra dos conceitos conforme os séculos foi revivenciada na prática, após longas teorizações em sala de aula na disciplina Estética e Cultura de Massa. Nossa professora Daniela Pistorello penso ter ficado feliz pelo aprendizado. Experiência maravilhosa e que lhes indico.

O museu é aberto de 3º a domingo, das 10h às 18h e se localiza na Praça da Luz, nº 2, tel. 229 9844 de frente ao Metrô Luz ou Tiradentes, ou Estação da luz como é mais conhecido. Neste, o Museu da Língua que fica ao lado também é uma visita obrigatória e completará seu tur cultural num só dia. O valor da entrada na Pinacoteca é R$ 5 (R$ 2 para estudantes). Grátis às 5º feiras.

30 junho, 2006

O poeta por Pablo Neruda


Lendo o livro do poeta chileno Pablo Nerudo, tive o prazer de entrar em contato com sua vida. Conhecido pela diplomacia, onde atuou no México e na Espanha como cônsul do Chile, ele ganha destaque pela causa dos povos latinos americanos. Revolucionário, marxista e influenciado pelo moimento vanguardista Surrealismo,Neruda adquire simpatia em cada país por que passa. Ganhou prêmio nobel de literatura em 1971 entre outros títulos.


O trabalho dos escritores, digo eu, tem muito e comum com o daqueles pescadores árticos. O escritor tem que buscar o rio e, se o encontra gelado, precisa perfurar o gelo. Deve esbanjar paciência, suportar a temperatura e crítica adversa, desafiar o ridículo buscar a corrente profunda, lançar o anzol justo, e depois de tanto trabalho tirar um peixinho mínimo. Porém deve voltar a pescar, contra o frio, contra o gelo, contra a água, contra o crítico, até acolher cada vez uma pescaria maior”.

Trecho do livro Confesso que Vivi- Pablo Neruda

27 junho, 2006

A história do Brazil

Eu falo com todos pela amizade
Em penso em todos por dupla face
Escrevo personagens sem bem onde estar
Sou a alma analítica de quem sempre está por vir

Pois então, me contaram
Um europeu descobriu o País!
A surpresa desembaraça as caras revestidas por pau – brasil
Transformar a suntuosidade do intelectual em terras férteis para uma conversa no botequim:

- Realmente a terra é gigantesca comandante. Será ter mão-de-obra suficiente?
- Isso resolvemos no capital. As estradas estão chegando à vapor, cacique!
Num estalo de companheirismo, a peça vira livro
Os autores selam as mãos, fazem vistas grossas a conta que vem vindo

-A Amazônia não é mais nossa – disse o brother
-Meu irmão, há uma guerra pelo Sul! - disse um dos nossos por aí

Os pares saem apressados
O garçom olha sem bem entender o português
Enquanto lá os farrapos hasteiam a bandeira
Aqui o que resta é pendurar

26 junho, 2006

Saudações aos novos membros da Academia de Letras de Governador Celso Ramos

A inclusão de 5 novos membros na Academia de Letras de Governador Celso Ramos fortalece a importância do órgão para a comunidade.
“Há dois anos começamos com as pessoas que se destacavam na comunidade, resgatando a cultura de Governador Celso Ramos e procuramos nesses novos membros os mesmos objetivos.”
Miguel João Simão - presidente da Academia

Para um sábado (24) a tarde, num hotel a beira da praia de Palmas, o “momento não poderia ser melhor”-disse um dos homenageados, Celso Leal. Na solenidade, estiveram presentes os atuais membros do órgão, convidados e presidentes de outras academias, como Ademio Zaron, da Academia de Letras de São José, Manoel Silva, da Academia de Letras de Palhoça e Augusto de Abreu, da Academia de Letras Desterrense.

Segue a lista dos novos titulares e suas respectivas cadeiras:

14- Alzira Silva dos Santos
15- Celso Leal de Veiga Júnior
16- Suzana Margarete de Arruda
17- Vera Sônia Alves
18- Pedro Antônio Griza

19 junho, 2006

O poema aleatório dadaísta

Pesquisando o movimento de vanguarda dadaísta, encontrei inúmeros
poemas. Eles são uma das formas de expressão deste, que é um dos movimentos mais marcantes do século XX.
O movimento dadaísta, datado por autores de 1916 à 1921, é uma oposição a Primeira Guerra Mundial. É uma repulsa dos artistas aos campos de batalha, dando à arte todo sua força, destruição e crítica àquela que se opuseram.

Dadaístas como Tizan Tzara, Duchamp, Max Ernest arregaçaram as mangas, e se propuseram a fazer uma 'antiarte', dita pelos estudiosos até hoje. Isto, porque simbolizam na arte dadaísta, a anti-racionalidade que operava no mundo, ou melhor, no lado deles, em Zurique , na Almenaha.

Este é um dos poemas do fundador do dadaísmo,Tizan Tzara, que figurou o último manifesto do movimento. É uma receita para se fazer um poema.

Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
*Foto de Tzan Tzara

09 junho, 2006

Conselho não seguido, Ubaldo!

Terá que me desculpar querido Ubaldo. Infelizmente persistirei até o fim nessa minha obstinação. Persistência sempre! E baseada na sua carreira de integrante da Academia Brasileira de Letras e com mais de 120.00 exemplares vendidos...jornalista ainda pra assemelhar comigo! Não Ubaldo!
Mas não seria enojada ao ponto de não lhe agradecer esse teste de desejo de uma jovem escritora, apaixonada como muitos pela vida.Afinal, o que nos dizes é HUMILDADE!.

"Em primeiro lugar desaconselharia o jovem candidato a escritor a continuar; sugeriria que desistisse enquanto é tempo. Mas se isso for mesmo impossível, eu diria: então está bem, persista, vá em frente, leia muito, todas essas coisas que são lugares-comuns. E principalmente: seja humilde, mas combine essa humildade com certa obstinação. O resto, não é com você, amigo. É um mistério."
João Ubaldo Ribeiro

02 junho, 2006

"O poeta" por Vinícius de Moraes

A vida do poeta tem um ritmo diferente *Vinícius de Moraes
É um contínuo de dor angustiante.
O poeta é o destinado do sofrimento,
Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza
E a sua alma é uma parcela do infinito distante
O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende.

Ele é o etemo errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso pelos extremos intangíveis
Clareando como um raio de sol a paisagem da vida.
O poeta tem o coração claro das aves
E a sensibilidade das crianças.
O poeta chora.Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes
Olhando o espaço imenso da sua alma.
O poeta sorri.
Sorri à vida e à beleza e à amizade
Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam.
O poeta é bom.
Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras
Sua alma as compreende na luz e na lama
Ele é cheio de amor para as coisas da vida
E é cheio de respeito para as coisas da morte.
O poeta não teme a morte.
Seu espírito penetra a sua visão silenciosa
E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério.
A sua poesia é a razão da sua existência
Ela o faz puro e grande e nobre

E o consola da dor e o consola da angústia.
A vida do poeta tem um ritmo diferente

Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis.

A poesia metalínguística sempre foi a preferência dos poetas. Definir-se como poeta, ou tentar pensar sobre é o mais difícil dos escritos. Penso eu, que o poeta só se torna poeta quando dele se tira o ponto de exclamação ou de interrogação de sua tarefa "tangível", fastasmagórica, real...

São tantos os adjetivos... que ouso dizer que o poeta é algo indecifrável. Porque nele nascem coisas, tranforma-se dele tudo em pensamento e a partir desses pessoas riem, choram se fazem até mesmo poetas.

Será que aquela menina que vivia lendo, lia "Só tu"... nunca escreveu em seu diário coisas de seu amor mais que perfeito e nunca correspondido? Poesia transforma poesia, quando não em dores vazias ou felicidades momentâneas. É nessa perpectiva que o autor se caracteriza, se diz feiticeiro, menino, bandido.

"A poesia é um nexo entre dois mistérios: o do poeta e o do leitor
- Autor:
Dámaso Alonso

01 junho, 2006

Palmas ao Eu Lírico!

Pra quem acessa este blog, estou me apresentando mais "intimamente"...
Tudo o que venho escrevendo, não muitas coisas por falta de tempo (a famosa vida de artista que todos nós temos tido heheh), são momentos absorvidos, sentidos.

Ressalto várias vezes e isso aprendi com uma professora do IEE,Patrícia Rosa, colégio onde estudei meu Ensino Médio, que a poesia não é um desabafo desesperado que se define ao gosto popular. Em algumas até pode ser, mas versos não contam apenas isso. A poesia não é apenas um debulhar de angústias e prazeres de um escritor. Penso que muito mais do que a todos em minha volta, os sinta tão meticulosamente, que os encarno, se é que me entendes...

É nesse ponto que entra em cena o eu lírico e nesse personagem me isento de qualquer tristeza ou angústia escritas. Escapo pela tangente ? Talves, quem sabe? Palmas ao Eu Lírico hahahha
Bem..são momentos, aflições, sentimentos escondidos que vejo em alguém ou os sinta de verdade.
A sensibilidade e a paciência são requisitos para se escrever.
Afinal, " Escrever é 5% de inspiração e 95% de transpiração" diria Carlos Drummond de Andrade.

28 maio, 2006

Àquele olhar

Se por acaso o encontrei
Se por acaso me apaixonei
Não pelo toque, nem os abraços
Mas o brilho e a paz do seu olhar


Um não sei do quê emudecer
Um calor confortante de felicidade
A retina mais que azul comigo nos céus
Os cílios tímidos que tocam a face rosada

Um olhar fixo na lembrança
A busca incessante de reencontrá-lo
A descoberta do horizonte além das águas
A alma aberta, quase enxuta de um olhar que vejo que não será mais do que por acaso

16 maio, 2006

Lembranças de uma Infância

Trauma
Miscelânea
Persegue e te acalma
Quando menina, quando criança
Assim vive sem a alma
Casinha de boneca,
Panela, fogaozinho
Põe o leite na caneca
Leva pra teu sinhozinho
Todo dia de manhã
O leite, a cabrinha
Todo dia de manhã
O cabresto, a covardia
Cuida dos brinquedos
Guarda os trapos da bonequinha
Cobre aqueles seios
Dá infância pra negrinha
Brinca de roda, dança
Foge da cabala
Arruma-te, faz as tranças
Terá festa na senzala
Mas isso se não fosse...
Os abusos, a escravidão
Se fosse da negrinha a posse...
da alforria, da libertação
Era de noite na casa grande
a surra, a humilhação
O batuque, aquela maldade
A menina numa prisão
Todo dia a agonia,
o talhe do patrão
Fugia sempre pra coxia...
do açoite, logo a sofreguidão
Lembranças no corpo quente...
a tristeza da pele nua
As raízes já não mais sente...
a saudade, uma alma crua
Que história a bonequinha!
Que história tem a contar?
Faz- de- conta de menininha...
ou as feridas por revelar?
Passado de vazio
Dorme e sonha no sonhar
Mas o sonho infantil...
Perde-se no acordar
Poesia vencedora do Concurso Em Busca de Novos Talentos da Faculdade Estácio de Sá em outubro de 2004.

01 maio, 2006

As nuvens vão e vêm como sonhos

Eu penso demais. Não sei porquê sou tão assim, sei lá. Não sei o que pensar! Pensar se você me entende. Pensar se você realmente existe. Escrevendo assim, torno-me um grão na vasta areia da praia. Aquela em que adoro me banhar e caminhar. Sabe por quê? Adoro sentir a brisa do mar no fim da tarde; o corpo suado do sol; as nuvens sobrevoando ao mesmo tempo e vez ou outra me descansando à sombra.
Então desse jeito, acho que você me entende. Sou um pouco dependente. Há gostos desse tipo assim. A vida é assim feita de coisas boas e ruins pra cada mente pensante.
Singular seja no ponto gustativo da língua ou no fraco do corpo. Eu...amo a praia, os soluços que o mar agitado faz. O sol me fortalece, o horizonte me transporta e o azul me leva aos céus.
Qualquer dia desses volto àquela praia nunca deixada, senão do que seriam as ondas sem minha chegada? Jamais se surpreenderiam e os soluços nunca cessariam...
Por isso escrevo, despejo lembranças de coisas ótimas já vividas ou ensejadas. O passado me traz referências para o futuro que planejo. Mas não sei se são tão válidas. Sonhos mudam conforme as nuvens, o soluço das ondas, o desenho da lua. Mudamos a cada segundo, sonhamos com a mudança.
Pulso, penso. Penso melhor sempre. Sou otimista. E que não haver de dizer um dia ser feliz? Assisto de cima. A tal ponto que esses meus parágrafos possam um dia preencher meu livro. Sim, porque um dos meus sonhos é escrever um livro no mínimo. Preencher o céu de tolices ou vocábulos de valia...talvez.
O importante é que as folhas percorram o mundo, conheçam os horizontes, passem da margem à esquerda do caderno...como as nuvens!
O importante é que me sinta as lendo, Despeje aqui palavras pensadas, ditas ou nem tanto assim...
Despeço-me nem sei pra quem. Choro os pingos secos de uma pequena ferida. No entanto me conforta saber que entendo minhas recentes dúvidas, desejos e angústias pertinentes.
Sou eu mesma aqui nua, me entregando às paredes cruas. E ao lençol que espera intacto os registros de um corpo inquieto que sonha acordado.

07/01/2006

30 abril, 2006

Poesia Inédita

Reti-me ao desacerto, a confusão de idéias da minha mente
Volto a escrever por desalinho
Ignnoro-me novamente por pensamentos


A cada poesia um novo enredo
Palavras jamais casadas
Uma semântica inédita ao poeta mudo, não ao surdo

Compor a oração porque a rima se faz viver

Ouvir da janela sonhos secretos
Dar voz aos poetas escondidos

Poetizo a libertação, o amor, a união
Fazer versos não ao desabafo, mas à fuga de um artista do acaso

Evoco ao santo a frase correta, a alma das palavras, um sorriso a mais
Repito um sonho idealizado
...assim vou praticando (suando) a paciência desse suspiro à coesão

08 março, 2006


Nada é tão estúpido como vencer. O verdadeiro triunfo é convencer - Victor Hugo

22 fevereiro, 2006

Desejo...

De todo o meu querer
Da inocência em não poder
Sonho, me agarro nos teus lábios
Na palpitação que tenho ao vê-los sorrir