16 maio, 2006

Lembranças de uma Infância

Trauma
Miscelânea
Persegue e te acalma
Quando menina, quando criança
Assim vive sem a alma
Casinha de boneca,
Panela, fogaozinho
Põe o leite na caneca
Leva pra teu sinhozinho
Todo dia de manhã
O leite, a cabrinha
Todo dia de manhã
O cabresto, a covardia
Cuida dos brinquedos
Guarda os trapos da bonequinha
Cobre aqueles seios
Dá infância pra negrinha
Brinca de roda, dança
Foge da cabala
Arruma-te, faz as tranças
Terá festa na senzala
Mas isso se não fosse...
Os abusos, a escravidão
Se fosse da negrinha a posse...
da alforria, da libertação
Era de noite na casa grande
a surra, a humilhação
O batuque, aquela maldade
A menina numa prisão
Todo dia a agonia,
o talhe do patrão
Fugia sempre pra coxia...
do açoite, logo a sofreguidão
Lembranças no corpo quente...
a tristeza da pele nua
As raízes já não mais sente...
a saudade, uma alma crua
Que história a bonequinha!
Que história tem a contar?
Faz- de- conta de menininha...
ou as feridas por revelar?
Passado de vazio
Dorme e sonha no sonhar
Mas o sonho infantil...
Perde-se no acordar
Poesia vencedora do Concurso Em Busca de Novos Talentos da Faculdade Estácio de Sá em outubro de 2004.

Um comentário:

Anônimo disse...

Retribuindo a visita à nossa pretensa "ABL":
Primeiro agradeço a visita e segundo venho te elogiar pelo blog, muito bom mesmo. Estudante de jornalismo né? Tá no caminho certo.
Quanto a este post, realmente não foi a toa que venceu o tal concurso. Eu gosto de poesia(como essas) porque me faz pensar(nem sempre) como a mente humana pode ser maravilhosa!(às vezes) Beijos